Religiosidade fundamental


17082009_festa-tambor_maosTer uma religião é fácil. Basta entrar para uma delas, pagar o dízimo e frequentar os rituais. Ser religioso é mais difícil, porque supõe um caminho de crescimento na tolerância, no respeito a todos os seres, na honestidade com a realidade, no amor real a Deus.
Por: Antônio Roberto

“As pessoas têm misturado muita coisa quando se trata de religião, Deus e fé. Acredito que os três existem e deveriam andar juntos. Por favor, fale sobre isso.”
Valentina, de Barbacena
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Primeiramente, temos que distinguir entre religião e religiosidade. A religiosidade é fundamental, pois é a religação do homem com Deus, com o Universo, com o cosmo, com o todo, com o outro e consigo mesmo. É uma tendência natural do ser humano. É um impulso básico para o infinito. Pessoas que têm uma ligação com o infinito, com o desconhecido, viverão com maior abundância, maior amor ao próximo.
A religião, por outro lado, é a posse de rituais e crenças religiosas. A religião é uma escolha e um caminho para a religiosidade, um meio para se entrar em contato com a divindade. Em si ela não é essencial e, sim, o impulso de ligação com Deus. A religião passa a ser importante na medida em que facilita tal ligação. Todos os rituais, sons, palavras, mantras, cheiro de incenso, velas criam um clima propício para o contato com o eu interior e com o eu cósmico.
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A falta de religiosidade tem trazido graves consequências nas relações pessoais e sociais. O grande dom espiritual são os valores encarnados por essa espiritualidade, tais como solidariedade, amor, alegria, celebração, esperança. À medida que falta essa espiritualidade, faltam também esses valores. Aí, acabam prevalecendo nos relacionamentos os valores ditados pela nossa sociedade, como competição, cobiça, esperteza, violência, ciúme.
A violência aparece quando desrespeitamos o outro. Todo ato de violência é uma invasão ao espaço de alguém. É o não consentimento do outro como indivíduo, como alguém que é outro, que não eu. E isso tem a ver com os valores disseminados por uma cultura de competição, que privilegia o prazer imediato acima de tudo.
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A verdadeira religiosidade nos ensina a conjugar o material com o espiritual, o imediato com o depois, o prazer com a realidade. E entre todos esses valores, o principal deles é o amor, com todos os seus ingredientes de alegria, encantamento, serenidade, paciência e paz. Pessoas que se dizem religiosas e não são amorosas, na verdade não o são.
Ter uma religião é fácil. Basta entrar para uma delas, pagar o dízimo e frequentar os rituais. Ser religioso é mais difícil, porque supõe um caminho de crescimento na tolerância, no respeito a todos os seres, na honestidade com a realidade, no amor real a Deus.
Como entender a guerra entre religiões, cada uma matando em nome do seu deus? É que falta a religiosidade. Uma pessoa amorosa não mata em nome do amor. O apego excessivo aos sinais exteriores da religião, às vezes, atrapalha o crescimento espiritual, infantilizando-nos na relação com Deus e tornando-nos cada vez mais supersticiosos.
Na verdade, dois caminhos nos levam à realidade. O amor e a dor. Pessoas alegres, amorosas e celebrativas vão encontrar Deus necessariamente. A solidariedade, a compreensão do outro e a compaixão nos colocam em sintonia com algo mais profundo. Um coração religioso é um coração com Deus dentro.
A dor, a perda, a tristeza profunda também nos despertam, porque nos colocam em contato com os limites humanos, com a transitoriedade, e esbarramos na necessidade da transcendência. Mas para que a religião não se torne oca, sem sentido, periférica, ela deve virar comportamento.
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Religiosidade é uma forma de viver. A graça supõe a natureza. Há algum tempo atrás, alguém me perguntou por que eu falava muito pouco de Deus nos meus programas da televisão. A minha resposta, na qual acredito piamente, foi: “Deus não é para ser falado, mas para ser vivido”.
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