Urologista Miguel Srougi fala sobre saúde masculina

Quando se fala em urologia, e principalmente em saúde masculina, o primeiro nome da agenda e da confiança dos principais políticos, empresários e brasileiros em geral é o do médico Miguel Srougi. Considerado o número um do Brasil em cirurgias de câncer de próstata ( já realizou 2.900), atende em seu consultório gente como o presidente Lula, José Alencar, José Serra, Geraldo Alckmin, Joseph Safra, Lázaro Brandão, Abílio Diniz e Antônio Ermírio de Moraes, entre outros pesos pesados.

Rodrigo Zorzi


O urologista, que cuida da saúde do “PIB” brasileiro, fala sobre os principais temores masculinos, como problemas na próstata, disfunções sexuais e decadência física.
 
Professor titular de urologia da Faculdade de Medicina da USP, pós-graduado pela Harvard Medical School, em Boston, nos Estados Unidos, 35 anos de carreira, uma dezena de livros publicados e outra centena de artigos espalhados mundo afora, Srougi tem a simplicidade daqueles que muito sabem, pouco ostentam e continuam lutando. Ele se dedica integralmente ao que faz – trabalha todos os dias, das 7 da manhã às 10 da noite –, abriu mão da vida pessoal – é casado, pai de dois filhos – e não tem receio de dizer que se envolve demais com seus pacientes. “Sofro muito e esse sofrimento é um dos fatores de sucesso da minha carreira, porque acabo me entregando mais aos doentes.” Embora viva intensamente entre os limites das dores da perda e alegrias dos resgates da vida, Srougi, aos 60 anos, se abastece lecionando na Faculdade de Medicina, “uma de minhas razões existenciais”.

No ano passado inaugurou um moderno centro de ensino e pesquisa para seus alunos, garimpando verbas junto aos seus pacientes poderosos. A sala ganhou o nome de Vicky Safra, mulher de Joseph Safra – em homenagem ao banqueiro que doou a maior parte dos recursos. Nesta entrevista, o maior especialista em câncer de próstata do país afirma que “todo homem nasce programado para ter a doença” e que, se viver até os 100 anos, inevitavelmente vai contraí-la. Fala ainda sobre medos, fantasmas masculinos, impotência, novos tratamentos e seus sonhos pessoais. E conta por que trocou o Hospital Sírio-Libanês pelo Oswaldo Cruz depois de 30 anos. A seguir, os principais trechos.

Assombros masculinos

Os homens têm uma certa sensação de invulnerabilidade – isso faz parte da cabeça deles. Passam boa parte da sua vida livre de todos os incômodos que a mulher tem, fazendo com que relaxem mais com a sua saúde. Com o passar dos anos, começam a perceber a sua vulnerabilidade e passam a dar um pouco mais de valor aos cuidados médicos. O que mais os atemoriza hoje? Problemas com a próstrata, disfunções sexuais e a decadência física, que mexe muito com a cabeça das mulheres, mas também com a deles. As mulheres pautam muito a vida em função da beleza e os homens, da força, da virilidade, da capacidade de agir, raciocinar. E na hora em que surgem falhas nessas áreas, ele percebe que, talvez, não seja aquele ser imortal que achava que fosse.

Envelhecimento

Há dois profundos temores hoje nos homens: o primeiro é o crescimento benigno da próstata, um fenômeno que ocorre em praticamente todos; ela aumenta de tamanho depois dos 40 anos e, dessa forma, o canal da uretra fica ocluído. Isso faz com que o homem comece a urinar sucessivas vezes, a não ficar em uma reunião prolongada, tem de levantar à noite, prejudica o sono, acorda mal, pode ter descontroles de urina. O crescimento benigno é quase inexorável: todos os homens vão ter em maior ou menor grau – felizmente, apenas um terço, 30%, tem sintomas mais significativos que exigem apoio médico. Nesses casos, há medicações que desobstruem parcialmente a uretra e fazem o indivíduo urinar e viver melhor; apenas de 4% a 5% dos homens têm de fazer uma cirurgia para desobstruir a uretra por causa desse crescimento benigno. Essa é uma cirurgia que se faz com segurança e sem os inconvenientes de uma cirurgia maior nos casos de câncer. Ela remove apenas o fator obstrutivo, o homem passa a viver melhor e sem nenhuma seqüela. Esse crescimento não tem causa conhecida, surge por um desequilíbrio hormonal no homem maduro, ou seja, as células da próstata passam a se proliferar em decorrência dos hormônios. Não tem como prevenir. Existem algumas medidas, mas nenhuma consistente.

Obesos e fumantes

Existe a idéia de que o obeso e os fumantes teriam menos crescimento benigno da próstata. O que é interessante é que a próstata seria o único lugar no organismo que eles deixam de ter todas as desvantagens, mas a realidade é meio dura: recentemente se apurou que eles são menos operados da próstata, mas não porque ela não cresce, mas pelo receio dos médicos de operá-los porque complicam mais e também porque muitas vezes não vivem o suficiente para ser operados – morrem antes. É uma realidade perversa.

Realidade nua e crua

O câncer na próstata adquire maior relevância porque tem uma grande prevalência: 18% dos homens – um em cada seis – manifestarão a doença. E também porque o tumor, que ocorre com muita freqüência dentro da próstata, eliminado com sucesso em 80%, 90% dos homens. Se esse tumor não é identificado no momento certo e se expande, saindo para fora da próstata, as chances de cura caem para 30%. É um tumor muito comum e se for detectado a tempo, tem como resgatar esse paciente. Dos 18%, somente 3% morrem – a medicina consegue curar 15% dos homens, ou seja, a maioria.

Mas vale dizer que todo homem nasce programado para ter câncer de próstata. Ou seja, nós temos, nas nossas células, genes que as estimulam a virar cancerosas e eles ficam bloqueados durante a nossa existência. Quando o indivíduo envelhece, esses mecanismos de bloqueio deixam de exercer o seu papel e o câncer começa a se manifestar. Com isso vai aumentando a freqüência da doença e todo homem que chegar aos 100 anos vai ter câncer de próstata.

Sem fantasia

O exame de toque – um dos meios de se detectar a doença – gera na cabeça dos homens fantasias negativas e receios, mas, na verdade, ele tem muito medo da dor. Tanto é que os que fazem pela primeira vez, no ano seguinte perdem o medo. Leva três ou quatro segundos e não dói. Então, um dos fatores de resistência é eliminado. Existe um segundo sentimento, que é muito forte: expressar, exteriorizar uma fraqueza se a doença for descoberta. O homem tem pavor disso porque, de acordo com todas as idéias evolucionistas, só vão sobreviver aqueles que forem fortes. É comum você descobrir um câncer no indivíduo, e ele entrar em pânico, não pela doença, mas porque as pessoas vão descobri-la. Porque o câncer é muito relacionado com morte, decadência física, perda da independência, dependência dos outros. O homem não aceita essa idéia. Ele prefere fechar os olhos e enfiar a cabeça debaixo da terra a enfrentar, mostrando para o mundo e às pessoas que ele é um ser mais fraco. Isso vai afetar a imagem dele, acha que vai perder poder sobre outras pessoas, porque ninguém obedece a um fraco, alguém que vai morrer. Isso vai contra a idéia que temos de ser mais fortes para sobreviver.

A performance do robô

Estamos fazendo cirurgias com robô, que permite uma visão muito mais precisa do campo cirúrgico, elimina os tremores da mão do cirurgião, permite incisões pequenas, uma operação muito mais perfeita porque os movimentos dele são muito suaves.

Isso é muito novo no Brasil. Fiz o primeiro caso há dois meses, no Sírio-Libanês. E agora, o Albert Einstein tem e o Oswaldo Cruz está adquirindo.

Nos Estados Unidos se faz cirurgia robótica em larga escala. Lá, o robô ganha em performance do cirurgião médio, mas ele ainda perde do habilitado. Tenho mais de 2.900 pacientes operados de câncer de próstata pessoalmente. Eu sou o terceiro cirurgião do mundo nesse quesito – só perco para dois americanos e eles estão parando de trabalhar. Apesar de ter essa grande experiência, quando comecei a operar, 35% ficavam com incontinência urinária grave. Agora são só 3%. Impotentes, todos também ficavam. Hoje, se o homem tem menos de 55 anos, a incidência é de 20% – antes era 100%. Há também enxertos de nervos, porque a impotência se deve à remoção de dois nervos que passam perto da próstata. E nós estamos fazendo esse enxerto quando somos obrigados a retirá-los nos casos em que o tumor fica grudado. Entre os pacientes que fizeram os enxertos, metade voltou a ter ereções com o tempo.

Impotência, o que fazer?

Esses novos remédios para tratar a disfunção sexual contornam 1/3 da impotência, tanto após a cirurgia quanto depois da radioterapia. Se os comprimidos não atuarem, existem injeções. Há ainda próteses penianas que são muito desenvolvidas e produzem uma ereção que quase não tem nenhuma diferença em relação à normal. Isso permite que o homem reassuma a vida sexual plenamente e que as mulheres tenham muita satisfação. Os homens ficam extremamente felizes – são hastes colocadas dentro do pênis. Não fica marca, nem cicatriz. Nos Estados Unidos, entrevistaram as mulheres sobre os homens que tinham prótese e as respostas foram positivas. Ela funciona muito bem.

Entre a vida e a morte

Minha vida é complexa porque eu ando um caminho muito estreito que, de um lado tem a morte e, de outro, a vida. E as minhas ações podem, com uma certa freqüência, resgatar alguém para a vida. Trilhar esse caminho é muito difícil porque, quando você se identifica com o paciente, compreende o sofrimento humano, isso cria um estado de impotência que lhe faz sofrer. Mas, por outro lado, traz momentos de alegria incontida, principalmente quando você resgata um ser para a vida, que não tem nada parecido.

Escutando mais, ouvindo menos

Se eu listar uma série de qualidades, como, por exemplo, humildade, conhecimento técnico, dedicação ao doente, presença, coerência, sentido humanístico, desprendimento material e comunicação e perguntar qual é melhor, só tem uma resposta: comunicação. Todas as outras são importantes. O médico precisa ser humano, ter desprendimento material. A relação médico-doente não é tipo supermercado, que você dá e recebe, é algo muito superior. Ele precisa ter conhecimento técnico, precisa estar presente, gerar esperança, mas ele tem de se comunicar. É comunicação superior, não apenas saber falar. É tão significativo que explica por que há médicos brilhantes aqui no Hospital das Clínicas que conhecem tudo, e não conseguem atender a um doente porque falam bobagem na hora de se expressar. São inibidos, tímidos, não sabem dar para o doente o substrato humanístico. Ele lista 450 tabelas de números e cálculos e não sabe o que se passa pelo seu coração. Isso explica também porque tem tanto charlatão por aí – médicos mal-intencionados e não-médicos – que consegue atender a muitos pacientes. Eles têm a comunicação.

Comunicação envolve inicialmente gerar empatia no doente. É errado cumprimentar um doente e falar “como vai?”. Você deve cumprimentar alguém que está com uma doença grave e falar “eu lamento que você esteja nessa situação, imagino o que está sentindo”.

Saber escutar, que é diferente de ouvir. A hora que você passa a escutar, entende quais as apreensões que ele tem, elimina um pouco do sentimento de culpa, entende por que está lhe procurando e conquista a confiança.

É preciso ser coerente e falar com realismo. É ilusão achar que se engana as pessoas. Falar numa dimensão maior significa gerar esperança, estimular a espiritualidade, porque um dos maiores medos é morrer e não saber o que vai acontecer depois; explicar o que vai ser a evolução dele. Também assegurar presença – ele não será abandonado.

O papel das mulheres

Os homens são resistentes: eles relutam muito em ir ao médico fazer um exame de próstata e só vão quando a mulher os empurra: dois terços dos pacientes no consultório de Miguel Srougi são trazidos por elas. “Ligam para marcar a consulta, os acompanham. A gente não vê mulheres jovens trazendo homens jovens para fazer exames. A gente vê mulheres maduras. Claro que o jovem não está na faixa de risco. Mas existe um outro significado da importância da mulher. Primeiro, que ela é pragmática e incentiva o marido.”

Mas, por que ela quer isso?

“Porque quem ficou vivendo bem 30 anos e conseguiu superar todos os embates da vida conjugal é um casal que o tempo consolidou. E aí a mulher tem um sentido de preservação da família muito mais forte que o do homem. Passadas as tempestades e oscilações do relacionamento, ela não quer que o marido morra. É real. Toda vez que tenho um paciente e ofereço dois tratamentos: um que aumente a existência dele, mas vai, por exemplo, causar alguma deficiência na área sexual. E ofereço um outro tratamento, que cura menos, mas preserva melhor a parte sexual, o homem balança na decisão. A mulher nunca hesita. Ela prefere aquele que aumenta a existência, mesmo correndo o risco de comprometer a vida sexual dele e do casal. Poucas vezes vi uma mulher aconselhar um tratamento que dê menos chance de vida e aumente a possibilidade de ele ficar potente. Dá para contar nos dedos. Ela quer o companheiro, quer preservar aquela pirâmide que foi construída, que é rica.”

Gerando esperanças

O ser humano precisa ter alguma esperança, nem que sejam vislumbres. Os médicos americanos acham que são fantásticos e verdadeiros quando dizem que não tem jeito o seu caso, mas isso é não conhecer a natureza humana. É preciso mostrar que ele tem alguma chance, sim.

Sofrimentos e privilégios

Eu me envolvo muito com meus pacientes. Sofro muito. E esse sofrimento é um dos fatores do sucesso da minha carreira, de 35 anos. Nesse sofrimento eu acabo me entregando mais aos doentes. Isso é ruim, porque não tenho vida pessoal, minha vida familiar é feita nos intervalos.

Felizmente, os momentos bons prevalecem sobre os ruins. É por isso que eu sobrevivo. Um doente que coloca a cabeça no meu ombro e agradece por ter feito algo por ele, ou deixa correr uma lágrima na minha frente, me faz deletar, superar aqueles momentos em que me senti totalmente impotente. Uma das coisas importantes é o médico saber e demonstrar que a medicina não é infalível e ele não se sentir onipotente.

O urologista tem um privilégio. O oncologista mexe com câncer avançado, já no fim do caminho – eu lido com o inicial. Eu consigo salvar muita gente. É um privilégio para mim.

Medo da separação

Nós não queremos morrer. Primeiro, pela incerteza do porvir. Segundo, porque a morte implica extinção e o ser humano não aceita a aniquilação. A nossa cabeça nasceu para ser imortal. A morte está relacionada com dor, sofrimento, à decadência física, à desfiguração, à perda do papel social, desamparo da família, perdas dos prazeres materiais, da independência. Mas a causa verdadeira é o nosso horror de nos separar das pessoas que amamos. Bem material não deixa ninguém feliz. Há tanta gente rica se suicidando, tomando droga para sair da realidade. Os médicos não compreendem isso. Se as pessoas têm medo de se afastar das pessoas do seu entorno, você precisa tratar o entorno também. Não é o médico que apóia o doente nas fases difíceis – é a família. Eles reagem raivosamente contra a família, querem afastá-la do processo, sem perceber que um doente só vai ter paz, tendo a morte pela frente ou não, se a família estiver ao lado.

Vivendo nos limites

Eu sou católico, não praticante, acredito em alguma coisa depois da vida e isso me dá muita paz. Eu continuo numa luta incessante. Vivo nos limites. Nos limites do sofrimento, porque estou do lado das pessoas que sofrem. Nos limites das minhas energias, porque começo a trabalhar às 7 da manhã e vou até as 10 da noite. Trabalho na Faculdade de Medicina. Tenho várias razões existenciais, uma delas é a faculdade. Aqui é a única forma de deixar marcas e mostrar que a minha passagem pela Terra não foi em vão. Aqui você planta as coisas. Cada aluno que receber esses conhecimentos, vai multiplicar o feito. Em vez de ajudar 20 pessoas que ajudo num mês, para cada aluno que eu fizer isso, serão 40, 60, 80, 320... Se eu saísse da faculdade, não iria agüentar essa carga toda de emoções, sentimentos, morte e vida. Aqui a gente conhece o que é o ser humano. Lá fora as pessoas estão todas maquiadas.

Reabastecendo energias

Eu simplesmente acabei com a minha vida pessoal, os meus grandes amigos mal vejo. O meu melhor amigo médico, o oncologista Sergio Simon, não encontro há quase três anos. Sábado à noite vou para uma casa de campo que tenho e fico 24 horas ouvindo música, fazendo minhas leituras, pesquisas, um pouco no computador. E controlo muito bem a alimentação, o sono e a atividade física para poder agüentar. Faço ginástica de quatro a cinco vezes por semana, tenho uma alimentação equilibrada e durmo bem. Deixo de sair com os amigos para dormir. Não gosto de dormir, mas preciso me recompor.

A saída do sírio-libanês

Os verdadeiros templos na Terra são os hospitais – não as igrejas. Nas igrejas tem muito ouro, riqueza. Aqui não, você conhece o sofrimento, o valor da existência humana. Os orgulhosos e os soberbos ficam humildes, ricos e pobres são iguais; os ruins, os autoritários e os maldosos se tornam condescendentes: eles ficam despidos, tiram a máscara; é aqui que você conhece o que é viver, que resgata para a vida, não em uma igreja qualquer que o sujeito entra lá, reza dez minutos e sai. Ele pode até sarar, cicatrizar a sua alma. Mas aqui nós curamos a alma e o corpo. Esse é o verdadeiro templo, onde o ouro é a vida. Você entende o impacto que a desigualdade social tem sobre o ser humano, a pobreza, a falta de instrução causa doenças. Depois de 30 anos no Sírio-Libanês eu mudei para o Oswaldo Cruz. Achar que eu vou ter novas salas, três enfermeiras a mais, é brutalizar o que passou pela minha cabeça. Mudei porque não estava vendo esse lugar como um templo. Eu vivo intensamente, por isso tenho esses sentimentos.

Nas asas da liberdade


Você só é livre quando tem boa saúde. Ninguém fala isso.
Dar saúde para uma pessoa é um pré-requisito para ela ser livre. Nesse templo, que é o hospital, nós tornamos as pessoas livres.

Um pouco de filosofia

A melhor forma de se transmitir as virtudes é pelo exemplo, pela coerência. Certa vez perguntaram para Sócrates como a virtude poderia ser transmitida – se pelas palavras ou conquistada pela prática. Ele não soube responder. Então, Aristóteles, depois de uns anos, respondeu: “A virtude só pode ser transmitida pela prática e por meio do exemplo”. Aqui, eu posso tentar ser o exemplo. Mudando o cotidiano das pessoas, transformando a sociedade e construindo um novo mundo.

Cinco medidas preventivas

Segundo Miguel Srougi, a prevenção ao câncer de próstata é feita de forma um pouco precária, porque não existem soluções para impedi-lo. Na prática, há o licopeno, que é o pigmento que dá cor ao tomate, à melancia e à goiaba vermelha. “Talvez diminua em 30% a chance, mas esse dado é controvertido, por causa disso a gente incentiva os homens a comerem muito tomate, só que deve ser ingerido pós-fervura, ou seja, precisa ser molho de tomate. Não pode ser seco ou cru.”

A vitamina E também reduz teoricamente os riscos em 30%, 40%. Mas, se for ingerida em grandes quantidades, produz problemas cardiovasculares. Na verdade, se o homem quiser se proteger, deve tomar uma cápsula de vitamina E por dia. Acima disso, não é recomendável.

O terceiro elemento é o celenium, um mineral que existe na natureza e é importante para manter a estabilidade das células, impedindo que elas se degenerem, que é encontrado em grande quantidade na castanha-do-Pará. “Qualquer homem pode ingerir em cápsulas, mas se ele comer duas castanhas por dia, recebe uma certa proteção”, diz o especialista.

Uma quarta medida é comer peixe, três porções por semana – rico em ômega 3 e tem uma ação anticancerígena provável. E, uma quinta, tomar sol. “O homem que toma muito sol sintetiza na pele vitamina D, que tem forte ação anticancerígena. É por isso que os homens da Califórnia desenvolvem muito menos a doença do que os de Boston”, afirma Srougi.

Pacientes ilustres

Trato todos os meus pacientes de forma igual. Se começo a tratar os mais importantes de um jeito diferente, eles dão mais trabalho. Se tratar igual, não. Até se sentem melhor com isso.

Poder versus transformação
 
O poder é a única forma de passar pela existência deixando marcas. Só com ele você consegue fazer isso. E nenhum de nós terá vivido de forma digna se não deixá-las. A minha definição de felicidade é estarmos alegres com o que somos, o que representa um continuum de bem-estar físico, mental e afetivo. É fantástica essa definição. E a gente só é feliz se estivermos circundados por pessoas felizes. E o poder nos dá um pouco dessa felicidade. Mas o grande problema é você dá-lo ao ser humano, que é altamente imperfeito – ele tem defeitos incompreensíveis para qualquer espécie – aí vira uma arma de destruição. Mas, quando se dá poder às pessoas de bem, ele se torna algo transformador.

Fonte: Revista Poder - Joyce Pascowitch, por Simone Galib 


ARAGUAIA: o massacre que as Forças Armadas querem apagar

Em meio ao debate sobre a emenda que propõe o sigilo eterno de documentos do governo, a Pública revisita uma das histórias mais obscuras do período militar: a repressão à guerrilha do Araguaia (1972-1975).
Em três dias de pesquisa nos 149 volumes do processo judicial que investiga o desaparecimento dos guerrilheiros do Araguaia, a Pública coletou relatos de dezenas de moradores que foram obrigados a prender, enterrar, matar e decapitar guerrilheiros – e sofrem até hoje as consequências do que viveram nesse tempo.
Em entrevista exclusiva, a juíza titular da 1a Vara da Justiça Federal, Solange Salgado, diz que, passados quase 40 anos, reina o medo de se falar sobre o assunto entre os que participaram do conflito.  Mateiros e ex-militares que colaboraram com o Grupo de Trabalho Araguaia -  que investiga o caso desde 2009 em cumprimento à sentença judicial promulgada por Solange Salgado em 2003, que obriga a União a entregar os corpos dos desaparecidos às famílias  – estão recebendo ameaças.
Por isso, quando esteve na região no ano passado, para recolher e checar informações sobre o paradeiro dos corpos, a juíza optou por preservar o sigilo dos autores dos depoimentos. “Foi uma garantia que o Poder Judiciário deu a essas pessoas. Elas ainda estão muito apavoradas, se sentindo muito acuadas”, disse ela à Pública.
Nossa reportagem esteve em Marabá, no Pará, e conversou com ex-mateiros e ex-soldados que confirmaram a realização das chamadas “Operações Limpeza”, por meio das quais os restos mortais dos guerrilheiros foram desenterrados e transportados a outros locais. Além disso, cinco entrevistados afirmaram ter visto atuando na repressão o ex-diretor do Dops de São Paulo Romeu Tuma, falecido em outubro do ano passado.

Por Marina Amaral e Tatiana Merlino


O espetáculo desenvolvimentista e a tragédia da mortalidade infantil indígena

Amanhece. Entre os diversos sons daquela manhã destaca-se um choro que atravessa a aldeia guarani de Itapuã. Mais uma criança nasce anunciando a vida em seu contínuo recomeço.


Para alguns povos indígenas o nascimento antecipa o futuro e mostra que as divindades ainda acreditam que a existência humana vale à pena. Acolher as crianças, permitir que sejam felizes e que desejem permanecer entre os vivos é uma preocupação que, mais do que algo mítico ou ritual, se concretiza em práticas cotidianas de afeto e de atenção. Estes novos seres, que assumem a forma humana e se inserem no mundo, asseguram a continuidade e a vida na terra. Por isso mesmo as crianças são bem acolhidas e sua socialização é uma responsabilidade coletiva, da qual toma parte os pais, os avós, os líderes religiosos, enfim, uma comunidade educativa.
Na cultura ocidental contemporânea um nascimento pode adquirir diversos significados, e em geral também simboliza a esperança no futuro. Tanto é assim que, quando se projeta um mundo melhor, mais justo, mais humano, afirma-se que este é o legado a se deixar aos filhos. Acolher as crianças, protegê-las e torná-las partícipes de um conjunto de conquistas sociais são esforços empreendidos por qualquer cultura que não vislumbra para si o extermínio. No caso brasileiro, muitas leis, tratados, estatutos e normas foram criados para regular as relações sociais e para assegurar às crianças um amplo conjunto de direitos.
Mas apesar do aparato legal voltado à proteção e ao bem estar infantil, verificamos que as estruturas econômicas e políticas não funcionam para garantir a vida em sua concretude, e sim para resguardar a existência de um modelo cuja marca mais significativa é a concentração de bens e de capitais. A situação vivida pelos povos indígenas é ainda mais grave. Logo ao nascer as crianças se deparam com circunstâncias que dificultam ou inviabilizam o próprio existir – terras invadidas e depredadas, confinamento, inadequadas condições de assistência e de proteção à saúde, proliferação de doenças, desnutrição, fome, e toda espécie de violências decorrentes das relações de intolerância e de desrespeito aos seus estilos de vida.
De nada valem, portanto, os belos discursos sobre a necessidade de proteção às crianças e as proposições em tramitação no Congresso Nacional, tal como o Projeto de Lei 1057/2007 (que propõe o combate a práticas indígenas consideradas nocivas, em especial o infanticídio) se efetivamente não se assegurarem as condições para que elas possam crescer e viver com dignidade. Vale ressaltar que a falta de terras apropriadas e de condições adequadas de vida não são tidas como "práticas nocivas" a serem extirpadas de nosso atual modelo econômico e político. O referido projeto pode ser visto como um instrumento de criminalização das comunidades indígenas e um paliativo para evitar que se enfrente o real problema: a incapacidade política do governo em demarcar as terras indígenas, a falta de ações governamentais eficazes, que possam garantir às crianças indígenas o direito à proteção, à saúde, à educação, aos recursos sociais e ambientais.
Olhando para trás, depois do longo período em que o país foi governado pelo presidente Lula, é importante indagar sobre as formas como se tem cuidado e protegido as crianças de hoje, uma vez que se pretende alcançar um lugar de destaque no futuro. O que mais se escutou, nos meses finais do governo Lula, foram discursos celebrativos, relacionados a certos avanços estruturais e econômicos. No entanto, para além da euforia que se estabeleceu em torno de supostas conquistas, é fundamental nos darmos conta de um quadro desolador que afeta muito particularmente as crianças, em diferentes povos indígenas. Desta situação pouco se tem notícias, porque tais informações são mantidas apenas nos bastidores de um espetáculo (o do suposto crescimento) que nos é apresentado com uma bela moldura desenvolvimentista.
Vale do Javari/AM
A terra indígena Vale do Javari foi homologada em 2001 e possui 8,5 milhões de hectares. Nela vivem os povos Marubo, Korubo, Mayoruna, Matis, Kulina, Kanamari, além de outros em situação de isolamento e risco que, de acordo com dados da FUNAI, são cerca de 20 diferentes etnias.
Apesar das insistentes denúncias e reivindicações feitas há quase uma década pelo Conselho Indígena do Vale do Javari – CIJAVA, não há uma ação efetiva do poder público para conter as doenças que afetam diretamente a vida destas populações. A distância geográfica soma-se ao descaso, à má gestão de recursos públicos e aos desvios de verbas, conforme denuncia o Centro de Trabalho Indigenista em um relatório divulgado em dezembro de 2010.
A omissão do poder público, em especial no que tange ao atendimento de saúde, tem como consequência a morte de centenas de pessoas. Dados relativos aos últimos 11 anos indicam a ocorrência de mais de 325 óbitos resultantes de desassistência – 210 óbitos de crianças menores de 10 anos. Mais grave ainda, quase metade dessas crianças eram da etnia Kanamari e pertenciam a uma mesma comunidade. A mortalidade infantil no Vale do Javari é superior a 100 mortes para cada mil nascidos vivos, índice cinco vezes maior que a média nacional, que não chega a 23.
O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Vale do Javari atende uma população de cerca de quatro mil índios. E um dado avassalador registrado pelo CTI, que também se relaciona aos altos índices de mortalidade infantil, é o decréscimo da população desta área indígena, que está em torno de 8%. Há povos que sofrem muito mais fortemente os efeitos desta situação: "proporcionalmente ao seu tamanho populacional, os Kanamary do Vale do Javari perderam 16% de sua população. Junto com os Korubo, um grupo de contato recente que perdeu 15% da sua população no período, são os povos mais afetados pela grave situação de saúde na região. Os Mayoruna e Matis perderam cada 8% de sua população total, e os Marubo e Kulina, 7%" (dados divulgados pelo CTI em dezembro de 2010).
Doenças como hepatite, pneumonia, infecções respiratórias, meningite, tuberculose são responsáveis pela maioria das mortes. Além disso, malária é uma enfermidade recorrente na região, quase sempre contraída diversas vezes pela pessoa, o que desencadeia problemas orgânicos crônicos. Há ocasiões em que quase toda uma aldeia é contaminada, dificultando a busca de alimentos, o plantio, a caça e outras atividades produtivas. Este cenário de escassez alimentar, adoecimentos e perda das condições do bem viver responde pela prática de mais de 19 suicídios neste período, 15 deles cometidos por jovens Kanamari.
É forçoso reconhecer que a situação vivida pelos povos indígenas nesta região é resultado do descaso do governo brasileiro e da falta de planejamento de ações de longo prazo. O quadro de doenças e de epidemias vem sendo sistematicamente denunciada, inclusive em meios de comunicação internacionais. E, nestas circunstâncias tão dramáticas, a omissão bem poderia ser entendida como crime de genocídio, uma vez que, mesmo contando com destinação orçamentária específica (e não plenamente executada em 2010) o governo brasileiro não assegurou o provimento da atenção necessária à saúde destes povos.
Campinápolis/MT
A terra indígena Parabubure, do povo Xavante, localizada a 562 km de Cuiabá, apresenta também uma taxa de mortalidade infantil alarmante. Segundo noticiou o sítio Notícias NX, das 200 crianças nascidas no ano de 2010, 60 morreram em decorrência de doenças respiratórias, parasitárias e infecciosas, o que corresponde a 40% do total de nascimentos do período. Esta terra indígena está registrada desde 1987, mas a comunidade Xavante sofre com a falta de assistência adequada em saúde, já tendo casos de mortes por desassistência denunciados pelo Cimi no Relatório de Violência contra os Povos Indígenas de 2009.
As mais de 100 comunidades situadas na região do Médio Araguaia reclamam a falta de veículos, de medicamentos e de equipes técnicas para atender as mais de sete mil pessoas que vivem ali. A situação é precária, não há médicos, enfermeiros e nem meios de transporte para levar os doentes à cidade, conforme reportagem publicada no Diário de Cuiabá/MT, em 15/10/2010.
Tal como ocorre na terra indígena Vale do Javari, os índices de mortalidade infantil na aldeia Xavante de Campinápolis chegam a quase 100 óbitos para cada 1.000 crianças que nascem. Em outubro deste ano lideranças indígenas acamparam na sede da Funasa, protestando contra a falta de uma política adequada de atenção à saúde indígena. Apesar das diferentes formas de mobilização e de luta dos povos indígenas, no dia a dia o que eles encontram é o abandono e a omissão.
Mato Grosso do Sul
O estado de Mato Grosso do Sul, que abriga uma população estimada em 40 mil Guarani-Kaiowá, é recordista em violências contra os povos indígenas, e concentrou a maioria dos assassinatos de indígenas no país em 2009: das 60 ocorrências registradas no Relatório de Violências Contra Povos Indígenas, organizado pelo Conselho Indigenista Missionário, 33 foram praticados neste estado da federação. Ali, as comunidades indígenas são obrigadas a viver em beira de estradas, são expulsas de seus acampamentos e sofrem todo tipo de abusos. Além disso, registraram-se 19 casos de suicídio no mesmo ano naquele estado, e este índice é 10 vezes superior à média nacional.
A dura realidade vivida pelos Guarani-Kaiowá em Mato Grosso do Sul está diretamente relacionada com a situação de confinamento em terras insuficientes e sem condições ambientais adequadas. Na reserva de Dourados, por exemplo, eles estão submetidos a circunstâncias desumanas e indignas, que se revertem em doenças, em suicídios e em um alto índice de mortalidade infantil. Para se ter uma idéia da dramática situação, basta uma leitura das manchetes dos jornais da região: "Indígena de 18 anos é encontra morta em aldeia de Dourados"; "Identificada indígena assassinada a pedradas"; "Adolescente indígena é assassinado a faca em Amambai"; "Indígena de 14 anos comete suicídio em Sete Quedas"; "Indígena é morto com golpes de faca em Dourados"; "Índio morre com machadada no rosto após confusão em aldeia"; "Mãe de 82 anos e filha são mortas a golpes de facão".
Como é possível construir uma vida digna e adequada para as crianças Guarani-Kaiowá, em condições tão absurdas e desumanas? A violência cotidiana, o confinamento, as condições precárias de vida aniquilam as formas tradicionais de acolhimento e de integração das crianças ao mundo social indígena. Não bastasse tudo isso, de acordo com os dados do Distrito Sanitário de Mato Grosso do Sul a mortalidade infantil nas áreas indígenas é de 41 mortes de crianças menores de cinco anos para cada 1000 nascidas vivas.
Jordão/AC
Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo demonstrou que a desnutrição infantil no município de Jordão, no Acre, atinge níveis muito superiores ao que se registra no restante do Brasil, e se aproxima dos estimados para a África subsaariana. A diferença é que, no caso da cidade acreana, não se trata de falta recursos naturais ou alimentares na região, e sim das péssimas condições de vida e da desigualdade no acesso aos bens e recursos.
Esta pesquisa, realizada pelo enfermeiro Thiago Santos de Araújo, considerou um total de 478 crianças de até cinco anos de idade da zona urbana e rural. Após fazer as medições de peso e altura, ficou constatado que 35,8% delas apresentaram déficit de crescimento, principal indicador da desnutrição. O valor encontrado é alarmante, principalmente quando comparado com a média do Brasil, de 7% e da região norte, de 14,8%. "É como se tivéssemos uma realidade africana em plena floresta amazônica, mostrando que a riqueza natural lá encontrada não consegue superar as condições sociais que influenciam na determinação desse problema", pondera o autor do estudo. Crianças indígenas apresentaram os maiores índices de desnutrição, quase 60%.
As escolhas do governo brasileiro e seus efeitos
Os casos aqui registrados, em diferentes pontos do país, mostram alguns efeitos das escolhas feitas pelo governo brasileiro, sob o comando do presidente Lula. Privilegiando interesses econômicos e políticos específicos, o governo colabora para tornar hostis as relações estabelecidas com setores sociais desfavorecidos, em especial as populações indígenas. A demarcação das terras, dever do Estado, não se tornou prioridade e muitos dos procedimentos demarcatórios se encontram paralisados. Poucas foram as terras regularizadas nos dois mandatos do presidente Lula: ele homologou apenas 88 terras, sendo que muitas delas tiveram os procedimentos iniciados em governos anteriores.
Assim, enquanto o Brasil segue uma rota supostamente segura em direção ao crescimento e à estabilidade, conforme alardeiam os discursos midiáticos e as estatísticas governamentais, amplia-se o fosso que separa aqueles considerados dignos de viver neste "novo Brasil" e os que estão fadados ao abandono e à exclusão. Os povos indígenas, essas gentes consideradas residuais e desnecessárias nos discursos desenvolvimentistas, são desrespeitadas de muitas formas e tem sido condenadas a viver no "olho do furacão", atormentadas por intermináveis conflitos, vítimas do descaso do poder público e, não raramente, são ainda culpabilizadas pelas agressões das quais são vítimas.
As escolhas principais do ex-presidente Lula, em quase uma década de governo, estiveram centradas num projeto que se concretizou particularmente no Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC. Não por acaso os bancos e as empreiteiras obtiveram maior lucratividade neste longo período. Nos últimos anos, além dos tradicionais conflitos envolvendo a posse e demarcação das terras indígenas, estabeleceram-se ainda outros, decorrentes das grandes obras de infra-estrutura, ou de interesses econômicos regionais e locais que hoje encontram amparo nos discursos de progresso a qualquer custo. E o que move a desenfreada marcha desenvolvimentista é, obviamente, o interesse econômico de grandes empresas, muitas delas visceralmente ligadas a partidos políticos expressivos no cenário nacional, através de investimentos em campanhas eleitorais.
No embalo de uma onda de crescimento mundial, o Brasil soube aproveitar as oportunidades e projetar-se como um país viável, afirmam muitos analistas políticos. Não se pode dizer o mesmo, porém, dos investimentos em políticas sociais. Infelizmente, a marca deste governo neste campo é o assistencialismo, que minimiza os impactos imediatos da desigualdade, mas não configura e nem viabiliza a redistribuição efetiva dos bens ou maior equidade no acesso aos recursos culturais disponíveis.
E há um alto preço a pagar pela projeção do "desenvolvimento econômico" que, na prática, fortalece apenas os grandes capitalistas sem o devido cuidado com o âmbito social. A desregulamentação de certos setores, a fragilização das leis ambientais, o desmonte da legislação trabalhista, o desrespeito aos preceitos constitucionais, a morosidade nos processos de demarcação das terras indígenas parecem ser estratégias deliberadas, assumidas pelo governo, com consequências para a vida de centenas de pessoas, e que, portanto, não podem ser vistas como meros "efeitos colaterais".
Ao que parece, trata-se de uma escolha e não propriamente de escassez de recursos para assegurar a vida dos povos indígenas. Vale ressaltar que em 2010 o governo liquidou apenas 64,24% do orçamento indigenista e, particularmente nas rubricas relativas à segurança alimentar e nutricional e à proteção e recuperação da Saúde Indígena, foram utilizados apenas 51,36% e 63,69% dos recursos autorizados, respectivamente.
Sejam quais forem as metas econômicas traçadas para o país, a morte de tantas crianças, pertencentes a povos tão massacrados historicamente, não pode ser considerada aceitável. E, sob nenhuma circunstância, a negligência com os direitos desses cidadãos do presente e do futuro pode encontrar amparo em uma sociedade que define a si mesma como democrática.
Tal como o nascimento, na cultura ocidental contemporânea, a morte também pode adquirir diversos significados – mas a morte que decorre da omissão do Estado não pode, de modo algum, ser esquecida. Não há como calar a voz diante do extermínio lento e gradativo dos povos indígenas.

Por: Iara Tatiana Bonin é Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul


O legado dos Megaeventos:desenvolvimento ou exclusão de direitos?

Desapropriações são prejudiciais à população

Em abril deste ano, Raquel Rolnik, urbanista, professora da Universidade de São Paulo e relatora especial da Organização das Nações Unidas para o Direito à Moradia Adequada, divulgou, pela Relatoria da ONU, violações do Estado relativas às desapropriações para as obras para a Copa do Mundo e Olimpíadas. Segundo Rolnik, as remoções têm sido feitas de maneira forçada, sem diálogo com as populações afetadas e com indenizações baixas, sem planejamento quanto ao futuro dos desapropriados.

A denúncia é extremamente oportuna em tempos nos quais o bom legado dos Megaeventos tem sido alardeado. Em contraposição ao cenário de criação de empregos, investimentos externos, obras de infra-estrutura, valorização de bairros e boom econômico que têm sido divulgados, temos a possibilidade de sairmos desses eventos numa situação pior do que aquela na qual entramos, com aumento da exclusão social, remoção de famílias, desvios de dinheiro e perda de patrimônio público.

Os dados acerca das desapropriações são preocupantes. Só no entorno do estádio a ser construído em São Paulo para sediar os jogos do mundial de futebol, 5.200 pessoas correm o risco de ser despejadas de suas casas. No país todo, esta situação engloba 60 mil brasileiros. As desculpas do poder público de serem áreas de risco são extremamente inapropriadas, pois famílias vivem nos locais há décadas e nunca foram alvos de políticas públicas. E mesmo hoje, o que se tem visto são remoções sem planejamentos que garantam o direito à moradia decente, direito este garantido pela Constituição Federal e por tratados internacionais assinados pelo país, como a Declaração de Direitos Humanos da ONU.

Resta-nos concluir que está em jogo o famoso “preço do desenvolvimento”, no qual algumas famílias têm de ser sacrificadas, sendo deslocadas de seus habitats históricos para que a sociedade como um todo obtenha progresso. Porém, ao analisarmos mais a fundo o processo e seus resultados, nos indagamos se realmente é o progresso o que estamos construindo.

Voltemos à denúncia realizada por Raquel Rolnik. Segundo a relatora, as indenizações pagas às famílias são ínfimas se comparadas aos preços do mercado imobiliário. Ainda mais dentro de um contexto de supervalorização dos imóveis que as obras para a Copa têm trazido às regiões atingidas e refletindo em áreas próximas, em “efeito cascata”. O resultado disso é uma expulsão dos moradores de seus bairros, sendo levados a regiões distantes, causando uma nova onda de urbanização descontrolada em bairros que hoje são menos habitados. Ou seja, mais pessoas serão alocadas em locais com dificuldades de infra-estrutura, transportes, atendimento hospitalar etc., causando um novo passivo social ao país e aumentando a exclusão.

Junte-se a isso a intenção do poder público de não indenizar moradores de áreas irregulares, ilustrada pela declaração da Agecopa (Agência Estadual de Projetos da Copa 2014) de Mato Grosso, e teremos uma onda crescente de favelização. Ou seja, moradores que hoje estão em situação precária em bairros com algum atendimento público, como o caso de Itaquera, em São Paulo, serão deslocados para regiões nas quais o Estado não chega. É como se fizéssemos um “afastamento dos pobres” e a criação de guetos. O problema da falta de garantias de direitos pelo poder público a essas pessoas não será solucionado, porém a valorização imobiliária será garantida com mais uma região de alto padrão.

Os resultados disso são alarmantes: intensificação da formação de “bairros dormitórios”, aumento da lotação no sistema de transporte público, ao deslocar mais trabalhadores para bairros periféricos distantes, aumento de pessoas desatendidas pelo poder público e o conseqüente crescimento do poder paralelo, representado pelo tráfico de drogas nas grandes cidades brasileiras.

Mas há quem ganhe com isso. As empreiteiras e empresas de construção civil estão contratando e fazendo negócios atrás de negócios. No Brasil, até 2014, serão aplicados R$ 108 bilhões somente em infra-estrutura, segundo cálculos da Associação Brasileira de Infra-Estrutura e Indústria de Base (Abdib). Os empregos que essa onda de obras criará podem ser apresentados como um dado a confirmar o bom legado da Copa.
Porém, são empregos em sua grande maioria temporários, que podem ou não se sustentar, o que dependerá de outras ações relativas ao planejamento macroeconômico.

Se pegarmos o exemplo da África do Sul, nação em desenvolvimento que sofreu conseqüências da crise econômica mundial em 2009 e que organizou o mais recente mundial em 2010, o cenário não é de euforia. De acordo com o relatório sobre o índice de empregos da Adcorp de Emprego, uma das mais respeitadas do país, divulgado em 22 de junho de 2010, o nível de emprego caiu 6,2% entre abril e maio daquele ano, justamente pela conclusão das obras da Copa. O índice mostrou que o nível de desemprego no país, que em 2008 era de 21,9%, continuou a aumentar mesmo com a realização do megaevento, chegando a 25,2% no primeiro semestre de 2010.

Há, ainda, a preocupação com o retorno financeiro previsto. No caso da África do Sul, os ganhos com a Copa eram estimados em 0,5% do PIB do país, porém, os gastos já haviam passado dos 6,5% de seu Produto Interno Bruto. Em compensação, a FIFA, entidade internacional que gerencia o futebol e o mundial de seleções, obteve lucro de US$ 3,2 bilhões, livres de impostos, e destinaria apenas 3% desse valor para auxílio em obras sociais no país.

A quem interessam as desapropriações?

Mesmo que as remoções fossem feitas em nome da certeza de um desenvolvimento econômico e social, ainda assim teriam de acontecer com um planejamento visando o bem-estar das comunidades atingidas, com um indicativo de que as melhorias em condição de habitação e expectativa de vida chegassem a elas também.

Nem um, nem outro. Tanto o desenvolvimento a partir dos investimentos realizados para os megaeventos é incerto, como a preocupação com a qualidade de vida das populações atingidas está fora de pauta.

O exemplo de São Paulo é emblemático. Favelas que historicamente estão alojadas na região próxima ao estádio a ser construído serão despejadas. Os projetos incluem avenidas de acesso à nova arena e a construção de um parque linear como compensação ambiental para as obras viárias. Nada tem se falado sobre o futuro dessas comunidades.

É óbvio que o desaparecimento de favelas é essencial para a valorização imobiliária da região, que é o legado mais claro que a Copa deixará para o bairro de Itaquera. Bem como a apresentação de uma cidade desenvolvida, com condomínios de padrão elevado, avenidas bem pavimentadas e uma grande área verde demonstram ao público turista que a cidade vai muito bem.

A preocupação em passar esta imagem de desenvolvimento e segurança faz sentido ao lembrarmos que São Paulo tem se destacado como cidade sede de eventos e a prefeitura, via SPTuris (empresa pública de turismo da capital paulista), tem se esforçado em aumentar o fluxo de “turistas de negócios” através da realização de feiras, congressos etc. Segundo estimativa da Federação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux, o setor cresceu 7% nos últimos anos. Só em São Paulo, ocorre um evento desses a cada 12 minutos.

Também é interessante destacar que a valorização não convém aos moradores do bairro. Apesar de ser vista como algo bom, pois o patrimônio das famílias, acumulado em seu imóvel, tende a aumentar, o custo de vida da região também sobe consideravelmente, bem como os impostos a serem pagos com base no valor da residência e os custos com aluguel. Para quem comprou um imóvel apenas por investimento, a Copa do Mundo trará, assim como os Jogos Olímpicos, um ganho rápido a partir dessa supervalorização momentânea. Porém, quem é morador e deseja permanecer na região terá de desembolsar quantias maiores desde o IPTU até o pãozinho francês. Diversas famílias que hoje têm dificuldades para pagar suas contas terão de se mudar para bairros mais afastados, de custo de vida mais baixo.

Os gastos para os Megaeventos: dinheiro público para uso privado

Conforme frisamos, se as desapropriações ao menos fossem parte de um projeto de desenvolvimento econômico e social, num futuro próximo seu passivo social seria compensado através do progresso do país todo, também chegando àquelas comunidades deslocadas. Porém, não é esse o resultado que virá, tampouco é o quadro que esperam os organizadores.

Na mais recente Copa do Mundo, a promessa de desenvolvimento como legado à África do Sul esvaiu-se ao término do evento. Os estádios construídos hoje têm um custo de manutenção anual de R$ 17 milhões, que sai dos cofres públicos. Tornaram-se os famosos “elefantes brancos” em regiões onde o futebol sozinho não consegue prover os custos das arenas.

É o que parece ser o futuro de alguns estádios no Brasil. No caso de Manaus, por exemplo, nem todo o público do campeonato amazonense de 2011 seria capaz de lotar a nova arena a ser construída para a Copa. O público dos 80 jogos da competição, somado, ficou em pouco abaixo de 38 mil pessoas, bem aquém dos 47 mil lugares do novo estádio. Esse dado dá a dimensão do legado da Copa: grandes obras que favorecem o mercado imobiliário e aquecem o setor de construção civil, mas que serão inúteis à população em médio prazo, e um custo ao erário em longo prazo.

Os investimentos em áreas sociais foram ínfimos dentro de um universo catastrófico. O país que apresenta uma taxa de 18% dos adultos infectados pelo HIV recebeu investimentos de escassos US$ 106 milhões - apenas 2,5% do que foi gasto com a realização do evento. Na educação, os investimentos relacionaram-se à capacitação de pessoal a ser empregado nas obras e no atendimento ao público da Copa. Sem o planejamento sócio-econômico adequado, a maior parte dessa mão-de-obra, agora qualificada, voltou a fazer parte da estatística do desemprego, que, como já vimos, está em torno de 25%.

O que devemos nos perguntar é se o dinheiro previsto para ser gasto em eventos de tal envergadura não estaria sendo melhor aproveitado em investimentos sociais. Por exemplo: o Brasil hoje perde cerca de US$ 15 bilhões (R$ 25 bilhões) por ano por conta de erros em projetos de engenharia, só em obras públicas. Esse dado é ligado, segundo estudos apresentados no Encontro Nacional de Engenheiros, em 2010, à má formação de nossos engenheiros. Outro dado aponta que o país gasta, anualmente, cerca de R$ 300 milhões com o tratamento de doenças relativas à falta de higiene, que poderiam ser substancialmente reduzidas com um efetivo investimento em saneamento básico, do qual carece metade da população brasileira. É um investimento com retorno ambiental, social e econômico.

Por fim, temos o exemplo dos Jogos Pan-americanos de 2007, nos quais R$ 7 bilhões foram gastos e hoje muitas obras, como o Velódromo e o Parque Aquático Maria Lenk, têm sido pouco aproveitadas, com a população afastada dos benefícios que os equipamentos poderiam trazer caso suas utilizações tivessem sido planejadas na concepção. Obviamente, a população carioca viu na época uma oportunidade de desenvolvimento da cidade, porém suas expectativas hoje não vivem nem na memória. Os Jogos passaram e foi como se não tivessem jamais acontecido, a não ser por conta das obras portentosas em locais inabitados.

Com tudo isso, fica claro que a certeza de ganho com essa Copa do Mundo e com as Olimpíadas está com os grandes empresários, os políticos envolvidos com seus lobbies e os organizadores. À população resta espernear para que seu dinheiro, advindo de impostos pagos no dia-a-dia trabalhado, seja gasto da melhor maneira possível e torcer para que suas vidas sejam atingidas com um mínimo de impacto, ficando todos nós a desejar, para antes e para depois dos megaeventos, investimentos que melhorem efetivamente nossas condições e expectativas de vida. É por conta dessa incerteza de ganhos reais à população que devemos olhar com desconfiança para as desapropriações, que mexem diretamente com o direito à moradia e o respeito que o Estado deve ter com o provimento de qualidade de vida a todos os brasileiros.

Fernando Paganatto e Mateus Novaes são membros da Associação Nacional dos Torcedores e Torcedoras (ANT) e do Tribunal Popular: O Estado Brasileiro no Banco dos Réus. 

Skate melhora coordenação motora e reforça estrutura muscular

Para alguns, uma diversão, para outros um esporte levado muito a sério e um estilo de vida. Não importa como o skate seja encarado. Ele é um esporte bastante capaz de trazer benefícios ao bem-estar de praticantes de todas as idades. Depois de muita perseverança, superando dores e frustrações por não conseguir executar manobras progressivamente mais complexas, praticantes se tornam cada vez mais apaixonados pela prancha sobre rodinhas.

Além de ser uma atividade que cativa os seus admiradores pelo prazer da superação de limites, andar de skate é um excelente exercício aeróbico e ajuda bastante a tonificar alguns músculos, como a panturrilha, quadríceps, tendão, abdômen e trapézio. Essa é uma grande vantagem, pois, no caso do skate, a pessoa pratica um esporte e cuida da saúde, sem esperar um resultado em troca. Diferentemente de atividades como musculação e ginástica, em que muitos indivíduos só começam a praticar por esperarem consequências previamente planejadas para a mudança no corpo.

O skate pode proporcionar benefícios estéticos, já que fortalece as articulações e ligamentos. Além disso, a prática aumenta os batimentos cardíacos, o que traz vantagens para toda a vida. O esporte ainda é bastante elogiado por especialistas pela sua capacidade em desenvolver uma melhor consciência corporal, tônus muscular e flexibilidade.

De maneira geral, assim como outras práticas esportivas, o skate ajuda a melhorar o condicionamento físico, a coordenação motora, o equilíbrio e a concentração. E esse esporte, desde que bem aconselhado e com investimentos em equipamentos de segurança, pode garantir efeitos muito positivos em termos de conhecimento corporal e saúde para qualquer indivíduo, sobretudo das crianças.

Por: Éverton Oliveira - Redação Saúde Plena 

Cigarro aumento risco de morte por câncer de próstata

Os fumantes com diagnóstico de câncer de próstata correm mais risco de desenvolver tumores agressivos e maior probabilidade de morrer da doença do que os não fumantes, destacaram cientistas americanos na terça-feira (21).
Os homens que fumavam na época do diagnóstico demonstraram ter 61% mais chances de morrer por causa do câncer de próstata e 61% mais chances de o câncer voltar em comparação com os que nunca fumaram, afirmaram cientistas da Faculdade de Saúde Pública da Universidade da Califórnia, em San Francisco.
No entanto, ex-fumantes que abandonaram o hábito há 10 anos ou mais, antes do diagnóstico de câncer de próstata, demonstraram ter um risco de recorrência e de morte similar aos dos homens que nunca fumaram, destacou o estudo divulgado no "Journal of the American Medical Association".
"Estes dados são estimulantes porque há poucos caminhos conhecidos para que um homem reduza o risco de morrer de câncer de próstata", assegurou um dos autores do estudo, Edward Giovannucci, professor de nutrição e epidemiologia de Harvard.
"Para os fumantes, deixar [o hábito] pode reduzir o risco de morrer de câncer de próstata. É outra razão para não fumar", acrescentou.
A pesquisa examinou 5.366 homens diagnosticados com câncer de próstata entre 1986 e 2006. Durante este período, registrou 1.630 mortes, 524 (32%) devido ao câncer de próstata e 416 (26%) de doença cardíaca.

Cientista japonês cria carne a partir de fezes humanas

Um pesquisador japonês criou uma solução inusitada para produzir alimento destinado a pessoas que não comem carne. Trata-se de um hambúrguer feito a partir da síntese de fezes humanas. A receita, no mínimo indigesta, é obtida a partir da extração de lipídios e proteínas que sobraram nas fezes.

De acordo com o site Forever Geek, o japonês Mitsuyuki Ikeda pretende que o produto seja vendido regularmente, com a vantagem de ter baixo percentual de gordura. Além disso, seria uma opção menos agressiva ao meio ambiente, por evitar mortes de animais. Segundo o cientista, caso a carne artificial seja comercializada em grande escala, o rebanho bovino pode diminuir, reduzindo também o percentual de gás metano.

O material é processado em alta temperatura, para eliminar qualquer tipo de bactéria ou organismo nocivo à saúde. Após esse processo, a carne de fezes recebe proteína de soja um molho de carne, para que tenha um gosto similar à carne de verdade.

E você, tem coragem de provar uma iguaria como essa?


Veja o vídeo que mostra o processo de produção da carne de fezes: 
 

Thiago Ventura - Portal Uai 


Unegro promove curso de formação política


A União de Negros pela Igualdade (Unegro) promove curso de formação que vai de junho até setembro na sede nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). Neste sábado (18), a aula é com o jornalista José Carlos Ruy, editor da publicação Classe Operária.

O curso teve início no dia 4 de junho com a aula "O negro no Brasil contemporâneo" e tem o título "Curso de Formação Política Professor Clóvis Moura", em homenagem ao sociólogo, jornalista, historiador e escritor brasileiro comunista que se destacou pela militância pioneira no movimento negro brasileiro. Clóvis Moura colaborou com artigos para jornais da Bahia e de São Paulo.

As aulas seguem com intervalo de duas semanas entre elas e vão até o final de setembro. O objetivo da Unegro é contribuir com a formação de quadros políticos do movimento negro, além de colaborar com a atualização do pensamento da entidades e com o nivelamento da compreensão de sua militância.

"Acreditamos, também, que somaremos mais força para a luta política, social e anti-racista em São Paulo e no Brasil", diz o panfleto de divulgação da atividade.

O curso deste sábado é  intitulado "A abolição e seu significado na formação da nação e do povo brasileiro" e será ministrado pelo jornalista José Carlos Ruy, editor do histórico jornal Classe Operária. A mediação será feita por Simone Nascimento, da Unegro-SP.

Confira a programação completa do curso de formação política Professor Clóvis Moura:

18 de junho
Abolição e seu significado na formação da nação e do povo brasileiro
José Carlos Ruy
Mediação: Simone Nascimento

02 de julho
Mulher negra e os desafios da luta contra a pobreza e a discriminação
(a confirmar)
Mediação: Cristina Resende

16 de julho
Modernidade, pós-modernismo, multiculturalismo e a luta contra o racismo
Madalena Guasco
Mediação: Rosa Anacleto

30 de julho
Movimentos sociais no Brasil - conceito e narrativa histórica
Maurício Pereira
Mediação: Marineuza Medeiros

13 de agosto
Marxismo e a questão racial
Augusto Buonicore
Mediação: Isabel de Iansã

27 de agosto
Conceito de racismo, preconceito e discriminação racial
Dra. Eunice Prudente
Mediação: Roberto de Oliveira

24 de setembro
Movimento negro e seus desafios atuais
Edson França
Mediação: José Norman

Da redação, Luana Bonone
 

Riachuelo: a celebração da barbárie

Em 11 de junho de 1865, às margens do arroio Riachuelo, afluente do rio Paraguai, na província argentina de Corrientes, esquadra paraguaia fracassava na mal organizada surpresa à divisão naval imperial, que pretendia abordar e conquistar, para com ela formar marinha de guerra para o país mediterrâneo. O fracasso da surpresa dificilmente mudou a conclusão inevitável da batalha do Riachuelo. Ou seja, a derrota dos navios mercantes paraguaios, armados para a ocasião, pelos navios de guerra da marinha imperial, então a mais poderosa da América ao Sul. A bem da verdade, o Paraguai possuía um e apenas um buque de guerra – o Tacuary. O combate naval ocorreu quando os governos imperial e argentino mitrista consideravam ainda que o confronto terminaria em poucos meses. Eles seriam apresentados como de tamanha transcendência que passaram a registrar a data magna da marinha de guerra do Brasil.

No primário e no ginásio, meus cadernos escolares traziam habitualmente gravuras do quadro “Combate naval do Riachuelo”, de Victor Meirelles, com mais de 32 m2, concluído imediatamente após o conflito, em 1872, por encomenda do Império, para a glorificação do confronto. O quadro tem como centro Barroso, na proa da nau capitânia, saudando a vitória, sobre os destroços dos barcos e corpos paraguaios. Nossos professores lembravam sempre a frase célebre do almirante cunhada para a ocasião: “O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever”. Décadas mais tarde, investigando a Revolta dos Marinheiros Negros de 1910, aprendi que muitos marujos que suportavam as mais pesadas tarefas dos navios de guerra imperiais eram trabalhadores negros escravizados!

Já nos primeiros momentos da República, os positivistas ortodoxos realizaram ampla e corajosa campanha contra a celebração de guerra imperialista que levara à literal destruição da pequena nação vizinha e do amplo campesinato proprietário e arrendatário que conformara sua singularidade. Viam apenas barbarismo na galvanização das “paixões belicosas” populares para a celebração da violência predadora das grandes nações contra as pequenas, onde deveriam ter imperado a fraternidade e o altruísmo entre os povos, sobretudo americanos.














Entre os positivistas comtianos a se levantar contra aquelas celebrações encontrava-se o futuro almirante Américo Brazilio Silvado, filho do comandante de mesmo nome, morto em 1866 no comando do encouraçado Rio de Janeiro, torpedeado no rio Paraguai. No seu combate de princípios, não perdoava o “pseudo rei-filósofo”, o Estado imperial e as classes dominantes do Brasil de então, por levarem o país a uma guerra de hegemonia e de conquistas que ceifou talvez cem mil brasileiros e esmagou o pequeno Paraguai. Exigia que esses fatos tristes fossem apagados como data referencial da marinha republicana que tanto amava.

No dia 9 passado, foi celebrada sessão solene no Congresso para festejar o transcurso do 146º aniversário da Batalha do Riachuelo, por requisição de deputados petistas e, acredite quem quiser, do PC do B, partido que abandona assim a consigna gloriosa que já levou em sua bandeira –  “Proletários de todo o mundo (inclusive paraguaios, uruguaios, argentinos e brasileiros) uni-vos!” – pelos vivas espúrios à guerra e à morte, se delas resultam ganhos para as classes dominantes nacionais.

Que não haja perdão para eles, pois sabem muito bem o que fazem!

Mário Maestri, 62, historiador, é professor do curso e do programa de pós-graduação em História da UPF.
E-mail: maestri(0)via-rs.net

Bala Perdida, Bala Certeira


Escrito por Roberto Malvezzi (Gogó)   

Para dourar a pílula, toda vez que uma bala alcança um cidadão comum, fala-se que morreu devido a uma bala perdida. Assim, a mãe que se deparou com seu filho morto no sofá pela manhã, teve o consolo de saber que ele foi morto por uma bala perdida.



De onde vem a bala pouco interessa. Ela pode vir de um "bandido" ou de um policial. O fato é que ela tem um endereço certo: um inocente.


Domingo estive numa capela, periferia de Juazeiro, para participar da celebração de Santo Antônio e Pentecostes. Bairro pobre, insalubre, dormitório de cortadores de cana e empregados da fruticultura. Quando estávamos na liturgia da palavra, escutamos alguns estampidos na porta da capela. Pensávamos que eram fogos de artifício. Mas, um apavorado sujeito invadiu a celebração, escondeu-se entre os participantes, que começaram uma corrida desembestada para fugir das balas de quem o perseguia.


Pelo menos dessa vez a Igreja ainda foi um lugar seguro. Por respeito, ou sei lá o que, o perseguidor parou na porta e fugiu. O sujeito levou dois tiros de raspão nas costas e saiu ileso. Foi preciso interromper a celebração, chamar um camburão da polícia para dar proteção ao fugitivo e permitir que a celebração fosse reiniciada.


Assim, de costas para a rua, se uma das balas tivesse acertado nossas cabeças, morreríamos sem saber como, quando e onde.


Quando a celebração terminou, uma mulher dizia ao fugitivo: "você agradeça a Deus porque foi salvo por Santo Antônio e pelo Espírito Santo".


O que temos não são algumas balas perdidas, mas uma sociedade violenta, tanto no meio urbano como no meio rural. A companheirada da CPT do Norte anda com a corda no pescoço, ameaçada de todas as formas, quando não fazendo enterro de lideranças populares que fazem a defesa das pessoas e da natureza.


Pois bem, o Brasil é violento desde sua gênese. Não conseguimos superar esse pecado original. Ainda mais porque a violência provém da dinâmica do próprio modelo de desenvolvimento, justificado por gente como Aldo Rabelo. Em seu artigo na Folha de São Paulo diz textualmente que o "o Brasil perdeu mais de 23 milhões de hectares de agricultura e pecuária, em dez anos, para unidades de conservação, terras indígenas ou expansão urbana" (Folha de. S. Paulo – 14/06/2011). Ele não fala dos 80 milhões de hectares degradados que o agronegócio deixou por onde passou.


O raciocínio do deputado é daquelas cartilhas marxistas dos anos 70 do milênio passado. Para ele, a produção pode e deve passar sobre tudo que nos proporciona bem estar ambiental e, sobretudo, sobre as nações indígenas que atravessam os caminhos do capital. Esse já era o raciocínio do Borba Gato e outros bandeirantes.


Essa esquerda acaba pensando e agindo identicamente a Kátia Abreu, Ronaldo Caiado, Taradão e similares.


Desse jeito, só podemos ser salvos por Santo Antônio ou pelo próprio Espírito Santo.


Roberto Malvezzi é membro da Equipe Terra, Água e Meio Ambiente do CELAM (Conselho Episcopal Latino-Americano).


Exagerar nas bebidas energéticas é uma prática perigosa

Seja durante a balada ou para se manter ligados durante madrugadas de estudos, muitos jovens consomem elevadas doses de bebidas energéticas para aumentar a sua concentração. Mas é preciso cuidado com essas práticas, já que o uso desses produtos, feitos de açúcar e cafeína, pode ter um impacto negativo sobre a saúde.

De acordo com um relatório de 2008, o consumo de bebidas energéticas apresenta uma tendência crescente para a faixa etária entre 18 a 24 anos de idade. Este segmento de mercado continua a crescer, e muitos consumidores não praticam atividades físicas em níveis ideais para anulação dos efeitos negativos.

Mas estas bebidas não são recomendadas para atletas ou crianças com idade inferior a 12. Os energéticos não hidratam o corpo de forma eficiente e têm muitas quantidades de açúcar. Além disso, o uso exagerado, não melhora necessariamente o desempenho físico, já que a cafeína, em grandes quantidades, pode mesmo aumentar os riscos de fadiga e desidratação.

Vários estudos têm demonstrado que fortes doses de cafeína pode aumentar a hipertensão arterial, causar palpitações cardíacas, provocar irritabilidade e ansiedade, bem como causar dores de cabeça e insônia. O consumo não deve ser de mais de duas latas por dia.

Mas muitos jovens não respeitar esta advertência. Além disso, perto de 50 por cento de jovens entre os 18 a 24 anos de idade afirmam consumir bebidas energéticas misturadas com álcool. Especialistas desaconselha severamente essa prática, independente das dosagens e das graduações alcoólicas, já que este comportamento pode ser destrutivo para o organismo a curto e a longo prazo, causar danos severos de saúde.
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Violência contra homossexuais




Dráuzio Varella - A homossexualidade é uma ilha cercada de ignorância por todos os lados. Nesse sentido, não existe aspecto do comportamento humano que se lhe compare.








Não há descrição de civilização alguma, de qualquer época, que não faça referência à existência de mulheres e homens homossexuais. Apesar dessa constatação, ainda hoje esse tipo de comportamento é chamado de antinatural.
Os que assim o julgam partem do princípio de que a natureza (ou Deus) criou órgãos sexuais para que os seres humanos procriassem; portanto, qualquer relacionamento que não envolva pênis e vagina vai contra ela (ou Ele).
Se partirmos de princípio tão frágil, como justificar a prática de sexo anal entre heterossexuais? E o sexo oral? E o beijo na boca? Deus não teria criado a boca para comer e a língua para articular palavras?
Se a homossexualidade fosse apenas perversão humana, não seria encontrada em outros animais. Desde o início do século 20, no entanto, ela tem sido descrita em grande variedade de espécies de invertebrados e em vertebrados, como répteis, pássaros e mamíferos.
Em virtualmente todas as espécies de pássaros, em alguma fase da vida, ocorrem interações homossexuais que envolvem contato genital, que, pelo menos entre os machos, ocasionalmente terminam em orgasmo e ejaculação.

Comportamento homossexual envolvendo fêmeas e machos foi documentado em pelo menos 71 espécies de mamíferos, incluindo ratos, camundongos, hamsters, cobaias, coelhos, porcos-espinhos, cães, gatos, cabritos, gado, porcos, antílopes, carneiros, macacos e até leões, os reis da selva.
Relacionamento homossexual entre primatas não humanos está fartamente documentado na literatura científica. Já em 1914, Hamilton publicou no Journal of Animal Behaviour um estudo sobre as tendências sexuais em macacos e babuínos, no qual descreveu intercursos com contato vaginal entre as fêmeas e penetração anal entre machos dessas espécies. Em 1917, Kempf relatou observações semelhantes.
Masturbação mútua e penetração anal fazem parte do repertório sexual de todos os primatas não humanos já estudados, inclusive bonobos e chimpanzés, nossos parentes mais próximos.
Considerar contra a natureza as práticas homossexuais da espécie humana é ignorar todo o conhecimento adquirido pelos etologistas em mais de um século de pesquisas rigorosas.
Os que se sentem pessoalmente ofendidos pela simples existência de homossexuais talvez imaginem que eles escolheram pertencer a essa minoria por capricho individual. Quer dizer, num belo dia pensaram: eu poderia ser heterossexual, mas como sou sem vergonha prefiro me relacionar com pessoas do mesmo sexo.
Não sejamos ridículos; quem escolheria a homossexualidade se pudesse ser como a maioria dominante? Se a vida já é dura para os heterossexuais, imagine para os outros.
A sexualidade não admite opções, simplesmente é. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira.
Mais antiga do que a roda, a homossexualidade é tão legítima e inevitável quanto a heterossexualidade. Reprimi-la é ato de violência que deve ser punido de forma exemplar, como alguns países fazem com o racismo.
Os que se sentem ultrajados pela presença de homossexuais na vizinhança, que procurem dentro das próprias inclinações sexuais as razões para justificar o ultraje. Ao contrário dos conturbados e inseguros, mulheres e homens em paz com a sexualidade pessoal costumam aceitar a alheia com respeito e naturalidade.
Negar a pessoas do mesmo sexo permissão para viverem em uniões estáveis com os mesmos direitos das uniões heterossexuais é uma imposição abusiva que vai contra os princípios mais elementares de justiça social.
Os pastores de almas que se opõem ao casamento entre homossexuais têm o direito de recomendar a seus rebanhos que não o façam, mas não podem ser fascistas a ponto de pretender impor sua vontade aos que não pensam como eles.
Afinal, caro leitor, a menos que seus dias sejam atormentados por fantasias sexuais inconfessáveis, que diferença faz se a colega de escritório é apaixonada por uma mulher? Se o vizinho dorme com outro homem? Se, ao morrer, o apartamento dele será herdado por um sobrinho ou pelo companheiro com quem viveu trinta anos?

Elas apostaram no recomeço. E agora vão ser premiadas

Anny Giacomin
agiacomin@redegazeta.com.br

Vinte e seis empresas capixabas vão ser homenageadas, hoje, no Palácio Anchieta, em Vitória, por participarem ativamente da reintegração à sociedade de detentos e egressos do sistema prisional do Espírito Santo. Elas vão receber o selo "Ressocialização pelo Trabalho", lançado em outubro do ano passado. Um reconhecimento por ofertarem oportunidades de trabalho, representando um ganho social e ajudando a diminuir os índices de reincidência criminal no Estado.

A iniciativa também é uma forma de incentivar a participação de novas empresas no programa da Secretaria de Justiça (Sejus). Atualmente, 146 empresas são conveniadas à Sejus e empregam 1.388 detentos, tanto dentro quanto fora das unidades prisionais capixabas.

Mudança

O secretário de Justiça, Ângelo Roncalli, explica que esse trabalho tem ajudado até a diminuir o índice de reincidência na criminalidade dos presos e egressos. "Um levantamento antigo do Ministério da Justiça mostrava que esse índice era de 85%. Hoje, já é bem menor, fica em torno de 60%. Ou seja, além de dar uma oportunidade a quem sai da cadeia já vítima de preconceito, a empresa ainda contribui para a sociedade", ressaltou.

Roncalli frisou, ainda, que a nova legislação dá oportunidade ao preso de já tentar se inserir no mercado ainda dentro da prisão. "Quando o detento chega à cadeia, não tem experiência de trabalho, referência, coisas fundamentais para entrarem no mercado. A medida em que o preso vai ganhando a liberdade e já está trabalhando, ele passa a ser encarado como um trabalhador comum", destacou.

O selo vai ser concedido anualmente às empresas. Um dos requisitos para o recebimento e manutenção dele é ter empregado, nos seis meses anteriores, no mínimo cinco presos condenados no regime semiaberto - e que podem trabalhar fora dos presídios - e/ou dez presos que trabalhem internamente.

O empresário Luiz Schiavon, da Tozzatto Inox, uma das empresas homenageadas, trabalha com reeducandos - como ele chama os detentos e egressos - desde janeiro de 2010. E só viu benefícios nessa parceria. "Hoje temos 35 reeducandos na empresa e estou muito satisfeito com o resultado. Os detentos precisam é de incentivo e eles valorizam isso sendo muito produtivos", afirmou.

Benefícios ao contratar quem sai da prisão

As empresas que participam do programa de ressocialização, oferecendo oportunidades de emprego para detentos do sistema prisional capixaba também têm benefícios por darem essa chance de reinserção na sociedade aos presos. Elas ficam livres de pagarem os encargos financeiros sobre a contratação dos detentos, por exemplo. Já o egresso, segundo o secretário estadual de Justiça, Ângelo Roncalli, é tratado como um trabalhador comum. "Justamente uma forma de não fazer distinção entre ele e os outros funcionários", ressaltou.
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foto Gabriel Lordêllo

O ex-detento que sonha ser empresário

Foi dentro do presídio que Wanderson Andrade Martins, 33 anos, conheceu a liberdade. Há sete anos, por telefone, marcou, com a ajuda de um amigo, um encontro com a atual mulher, dentro da cadeia. E foi justamente essa mulher e, hoje, o filho, que dão a ele força para trabalhar e se manter longe da criminalidade. Depois de 10 anos atrás das grades e de uma fuga, Wanderson foi solto, definitivamente, em 2008. "Já sair da prisão empregado foi muito bom. E nada paga a liberdade e um fim de semana com a família". Na empresa em que ele trabalha, já fez de tudo: foi costureiro, motoboy, cortador e, hoje, é modelador. E também é tido como um exemplo pelos colegas. "Fica muito mais fácil sair da cadeia quando se tem o apoio da família. O Wanderson de antes não vivia, ele vegetava. Infelizmente tive que passar por isso para aprender", diz. O sonho dele? Abrir sua própria empresa para dar emprego a ex-detentos. "Pelo menos 70% das pessoas que estão nas cadeias querem alguma coisa, mas faltam oportunidades. Quero ajudá-los", contou.
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foto Gabriel Lordêllo

Trabalhando ele descobriu uma nova vida

O dia 18 de março de 2008 vai ficar marcado para sempre na vida de Michel de Jesus Dutra, de 22 anos. Foi nessa data ele foi preso, em casa, em Nova Venécia, no Norte do Estado. "Fiquei isolado nos três primeiros dias. Não acreditava que aquilo estava acontecendo comigo. Depois de passar pela penitenciária de Colatina e começar a trabalhar na lavanderia, por indicação da terapeuta, foi transferido para Vitória, em dezembro do ano passado. "Foi bom porque passei pro regime semi-aberto e hoje trabalho até fora do presídio. Mas triste porque estou longe da família. Mesmo assim posso juntar meu dinheiro para poder ir visitá-los", disse. Michel chegou a passar o Natal em casa com a família, e viu a diferença. "Deu vontade de não voltar, mas quero ter um lar, uma família. Essa oportunidade de emprego tem me ajudado bastante", comemorou.